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O que são REITs? Guia completo

  • Foto do escritor: Jana
    Jana
  • 22 de set.
  • 6 min de leitura

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Os REITs (Real Estate Investment Trusts) são uma opção de investimento que permitem ganhar exposição ao mercado imobiliário sem a necessidade de comprar diretamente um imóvel. Funcionam como fundos listados em bolsa que possuem e gerem ativos imobiliários, desde escritórios e centros comerciais a hospitais e armazéns logísticos.


Investir em REITs pode ser uma excelente forma de diversificação e geração de rendimentos, mas, tal como em qualquer investimento, é essencial analisar alguns critérios antes de decidir onde colocar o dinheiro.


Neste artigo, vamos explorar os principais pontos a avaliar em REITs.



  1. O que caracteriza um REIT?


Um REIT (Real Estate Investment Trust) é uma empresa que investe em imóveis para gerar renda. Para ser reconhecido como REIT, precisa seguir algumas regras importantes:


  1. Onde investe o dinheiro

    • Pelo menos 75% dos ativos têm de estar em imóveis, empréstimos ligados a imóveis, dinheiro ou títulos seguros (como obrigações do Tesouro).

  2. De onde vem o dinheiro

    • 75% das receitas → têm de vir de fontes diretamente ligadas ao imobiliário (rendas, juros de hipotecas ligadas a imóveis, venda de imóveis).

    • 95% das receitas → têm de vir de fontes passivas no geral, o que inclui as do grupo dos 75% + outras como juros de obrigações e dividendos de ações.

    👉 Ou seja:

    • O mínimo obrigatório do core imobiliário é 75%.

    • Dentro do total de receitas, pelo menos 95% têm de vir de coisas “passivas” (imóveis, juros, dividendos).


  3. Distribuição de lucros

    • É obrigado a distribuir 90% do lucro tributável aos acionistas na forma de dividendos.

      👉 Isto é o que torna os REITs tão interessantes para quem procura renda passiva.


  4. Quem pode investir

    • Precisa ter pelo menos 100 acionistas após o primeiro ano.

    • Nenhum grupo de 5 pessoas pode controlar mais de 50% das ações.


Ou seja, os REITs investem principalmente em imóveis, ganham dinheiro com rendas e juros, e distribuem quase todo o lucro aos acionistas, o que os torna particularmente atrativos para quem procura renda passiva.



  1. Tipos de REITs


Na prática, os REITs dividem-se em três grandes tipos, mas com nuances a ter em conta:


  1. Equity REITs (REITs de ações / patrimoniais)


    • São os mais comuns.

    • Compram e gerem imóveis físicos (apartamentos, escritórios, centros comerciais, armazéns, hospitais, etc.).

    • Ganham dinheiro com as rendas pagas pelos inquilinos e, em alguns casos, com a valorização dos imóveis.

    • Estes REITs podem ser ainda mais especializados: alguns só investem em hospitais, outros em logística, outros em habitação, etc.


  2. Mortgage REITs (REITs de hipotecas / de dívida)

    • Não compram imóveis diretamente, mas sim financiam imóveis através de empréstimos hipotecários ou compra de títulos ligados a hipotecas.

    • O lucro vem do juro cobrado nesses financiamentos, comparado ao custo de obter esse dinheiro.

    • São considerados mais arriscados porque são muito sensíveis às taxas de juro e ao risco de incumprimento nos empréstimos.


  3. Hybrid REITs (REITs híbridos)

    • Combinam os dois modelos anteriores: têm alguns imóveis em carteira e, ao mesmo tempo, financiam outros via hipotecas.

    • Hoje em dia são menos comuns, porque a maior parte dos REITs prefere focar-se apenas em equity ou mortgage.


📌 Nota:

  • Em Portugal e noutros países da Europa, muitas vezes não se usa a sigla REIT, mas sim regimes específicos como as SIGIs (Sociedades de Investimento e Gestão Imobiliária, criadas em 2019 em Portugal), que funcionam de forma muito semelhante a um REIT.

  • O conceito, porém, é o mesmo: investir em imóveis e distribuir a maior parte dos lucros aos acionistas.



  1. Como funcionam os REITs


  • Um REIT compra ou financia imóveis que geram renda (casas, escritórios, centros logísticos, hotéis, etc.).

  • Muitos REITs são cotados em bolsa, o que quer dizer que qualquer pessoa pode comprar ações deles como se fossem ações normais, e eles têm que publicar relatórios públicos.

  • O rendimento vem sobretudo das rendas dos imóveis, e esses rendimentos são depois distribuídos em dividendos aos investidores.

  • Alguns REITs também ganham dinheiro com hipotecas ou empréstimos imobiliários (em especial os mortgage REITs), mas estes são mais arriscados.

  • Os REITs permitem que invistas no mercado imobiliário sem ter de comprar nem gerir imóveis diretamente.


✅Principais vantagens hoje


  1. Exposição ao imobiliário sem grandes montantes ou complicações administrativas.

  2. Diversificação — podes investir em vários tipos de imóveis e em vários países/setores.

  3. Proteção razoável contra a inflação — rendas e preços dos imóveis tendem a subir com o custo de vida, o que ajuda a manter o poder de compra dos dividendos.

  4. Rendimento estável — muitos REITs pagam dividendos regularmente, o que pode gerar fluxo de caixa para o investidor.


❌Principais desvantagens ou riscos


  1. Impostos — os dividendos são normalmente tributados pelo investidor, de acordo com o país. Poderás pagar retenções na fonte, impostos de rendimento ou de capital, dependendo das leis locais.

  2. Menos crescimento interno — como distribuem grande parte dos lucros, há menos dinheiro para reinvestir internamente para crescer agressivamente.

  3. Sensibilidade a taxas de juro — quando as taxas de juro sobem, os custos de financiar imóveis aumentam; pode afetar o valor das propriedades e os lucros.

  4. Risco setorial e risco geográfico — se o REIT for muito focado em hotéis, turismo, ou numa região bastante afetada por crises, pode sofrer mais.

  5. Volatilidade — apesar de serem mais estáveis que outros ativos, podem sofrer quedas fortes em épocas de crise ou se ocorrerem choques económicos grandes.



4. Setor de Atuação


Nem todos os REITs são iguais. Cada um foca-se em segmentos diferentes do mercado imobiliário:

  • Comerciais – centros comerciais, retalho.

  • Residenciais – apartamentos, condomínios.

  • Logística e Armazéns – cada vez mais relevantes com o crescimento do e-commerce.

  • Saúde – hospitais, clínicas, lares de idosos.

  • Data Centers – imóveis tecnológicos em expansão.


👉 A escolha do setor deve estar alinhada com o teu perfil de risco e visão de futuro. Por exemplo, enquanto os centros comerciais podem enfrentar desafios com o comércio online, os armazéns logísticos ou data centers estão em alta procura.



  1. Passos para analisar um REIT


1. Ver o FFO (Funds From Operations)

  • O FFO mostra o dinheiro real que o REIT gera com os imóveis.

  • Fórmula simples: Lucro líquido + depreciação + amortização − ganhos extraordinários.

  • Se encontrares o AFFO, ainda melhor: é o FFO ajustado pelos custos de manutenção, ou seja, mais próximo do que sobra para dividendos.


2. Comparar o P/FFO

  • É como o famoso P/E (Preço/Lucros), mas adaptado aos REITs.

  • Fórmula: Preço da ação ÷ FFO por ação.

  • Depois compara com outros REITs do mesmo setor (hotéis, logística, habitação, etc.) para ver se está caro ou barato.


3. Payout Ratio

  • Mostra quanto do FFO/AFFO é distribuído em dividendos.

  • Se distribui quase tudo, pode não ter margem para imprevistos.


4. Crescimento e Estabilidade

  • Vê se o FFO tem crescido ao longo do tempo ou se é estável.

  • Olha para:

    • Taxa de ocupação (quanto maior, melhor).

    • Duração dos contratos (quanto mais longos, mais previsibilidade).

    • Qualidade dos inquilinos (se são empresas fortes ou arrendatários estáveis).


5. Localização e Diversificação

  • Tal como num imóvel físico, a localização importa.

  • REITs em economias fortes e dinâmicas são menos arriscados.

  • Diversificação em vários países ou regiões reduz riscos locais.


6. Dividend Yield

  • É o retorno anual em dividendos em relação ao preço da ação.

  • Atenção: um yield muito alto pode ser sinal de risco.

  • Verifica também se o REIT tem histórico consistente de pagamentos.


7. Estrutura da Dívida

  • Qualquer REIT usa dívida para crescer, mas convém ser saudável:

    • Debt-to-Equity Ratio: dívida vs. capital próprio.

    • Taxa de juro: quanto mais baixa, melhor.

    • Prazo da dívida: longo prazo reduz riscos de liquidez.


👉 Se o REIT estiver demasiado endividado, pode sofrer muito quando as taxas de juro sobem.


8. Gestão e Transparência

  • Verifica a qualidade da equipa de gestão:

    • Têm histórico de bons resultados?

    • São claros nos relatórios?

    • Existe uma estratégia bem definida?


9. NAV (Net Asset Value)

  • É o valor justo dos imóveis do REIT.

  • Compara preço de mercado vs. NAV:

    • Se negociar abaixo, pode estar barato.

    • Se negociar acima, pode estar caro.

  • Ver se o NAV tem crescido ao longo do tempo é sinal de boa gestão.


Resumindo: um bom REIT é aquele que tem FFO estável ou crescente, dividendos sustentáveis, dívida saudável, imóveis bem localizados e gestão transparente.



Conclusão


Investir em REITs é uma forma prática de ter acesso ao mercado imobiliário, com a vantagem da liquidez da bolsa e da distribuição regular de dividendos. Mas, antes de investir, é essencial avaliar diversos parâmetros antes de investir.


Com estes critérios em mente, consegues começar a distinguir REITs sólidos daqueles que podem representar riscos desnecessários.


👉 Lembra-te: um REIT deve ser visto não só como fonte de rendimento, mas também como um complemento diversificador dentro da tua estratégia de investimento global.

1 comentário


dany_pereira_7
03 de nov.

Olá Jana!

Onde conseguimos consultar todas essas informações das empresas?

E consideras vantajoso investirmos em REITS na mesma corretora onde temos os restantes investimentos?

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